esculturas destrutivistas / descructive sculptures
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Gordilho - GALLERI MARIUS - KOBENHAVN - 1986 - fotos Enoch Nascimento
   

Marius (dono da galeria), Edgard Gordilho e Enoch Nascimento (adido cultural)
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Este lote de trabalhos possui um rigor de linguagem,mobiliza um esquema de signos ( e, conseqüentemente, cobra do espectador um nível de exigência ) dos mais altos. Aqui ele rompe o círculo como procedimento formalmente caracterizador. E, metaforicamente, romper com o círculo é romper com toda semiologia que aponta para o estável, para o perfeito, para o coerente. Semiologia que está no anel de jade dos imperadores chineses, no anel lançado às águas na investidura de cada doge veneziano, no anel que é partido quando morre o papa que o possuiu. Opostos a essa circularidade ordenadora, que nos domínios da arte logo descamba para o repetitivo, outro são os caminhos desse jovem escultor, cuja intimidade com sua matéria prima o leva a não apenas conceber suas formas, mas também a executá-las. E este último ato imprime ao processo um caracter oficinal - no sentido renascentista do termo - que muito lhes acrescenta em inventiva e minúcia. Inventiva e minúcia que são respostas, na forma de achados e soluções, a cada dificuldade inerente à própria tecnologia das resinas. E o são também, num plano mais alto, às perigosas armadilhas de que está povoado o reino da representação tridimensional, tão próximo ao kitsch e ao déjà vu. E esse fazer instaura sua propria semiologia, oposta às concepções pitagóricas e alquímica do círculo, que é essa ambigüidade de graças e rusticidades. Ambigüidade que depõe contra o próprio processo, perfazendo ( talvez sem que disso o artista mesmo se dê conta ) outro círculo, que é o do objeto questionador do seu próprio sujeito. Arestas agressivas e curvas sensuais; transparências cantantes e surdas opacidades; levezas e contundências - tais são os jogos que Edgard Gordilho propõe e menos, certamente, à nossa avidez pela forma, enquanto coisa gratificante, que à nossa capacidade intelectual de decompor e recompor, à nossa sensibilidade de empatizar e entropizar. Tais as fascinantes leituras de uma obra materialmente austera, mas nem por isso menos rica em termos de instigação. De umaobra otimamente resolvida do ponto de vista técnico; onde, porém, não se lê, em nenhum instante, a frieza do artefato. De uma obra ambiciosa em termos de inserção estética, mas nada vizinha das equivocadas matafísicas que tanto seduzem e comprometem a forma tridimensional nos dias de hoje, no mundo inteiro. Passada em julgado na instância internacional (mostras de Paris, Copenhague e Lisboa) a obra de Gordilho nos dá agora a ler o mais denso e também o mais conciso dos capítulos de sua continua ascenção.

Rui Sampaio

apresentação de catálogo / maio 1985

This batch of his work has a rigorous language, mobilizes a scheme of signs and, consequently requires trom the viewer a very high level. Here he breaks the circle as a formally characterizyng proceeding. And methaphorically, breaking the circle is to break with e whole semiology that points to the stable, to the perfect, to the coherent. Semiology that is in the ring of jade of chineses emperors, in the ring thrown in the water at the investiture of each venetian doge, in the ring that is shattered when the pope whi owns it dies. As opposed to this orderly circularity, while in art quickly becames repetitive - others are the ways of this yong sculptor, whose intimacy with his raw-material makes him produces his forms, and not just conceive them. This gives the procedure a aspect of craftin the renaissance meaning of the term - which enhaces the inventiveness and the minute details. Investiveness and detail that are answers, in form of findings and solutions, to each difficulty inherent to the resin's technology. And also, at a higher level, to the dangerous traps that fill the kingdom tridimensional representation, very close to kitsch and to the déjà vu. And this way of doing establishes its own semiology, as opposed to the pythagoric and alchemical concepts of the circle, this ambiguity of grace and rusticity. Ambiguity that testifies about its own process, concluding (maybe without the artist knowledge) another circle, that belongs to the object questioning its own subject. Aggressive edges and sensuous curves; musical transparencies and soundless opacity; lightness and aggressiveness - such are the games that Edghard Gordilho proposes. Such are the fascining readings of e materially austere work, but not for that less rich in terms of instigation. Very well resolved work from the techinical point of view; nonetheless, at no time, one feels the coldness of artifact. The coldness of an ambitious work in therms of aesthetic insertion, but not close to the mistaken metaphysics, wich seduces and compromise so much the tridimensional form in our time, all over the word. Having been judged at the international level (shows in Paris, Kopenhagen and Lisabon), Gordilho's work allows us now the densest and the most concise reading of the chapter of his continuous growth.